
Quissamã/RJ Cidade do Norte fluminense com pouco mais de 25 mil habitantes é o retrato do atraso e inoperância econômica em que pese seja o município da Região que contabilizou maior parcela de renda petrolífera per capta entre os municípios produtores da bacia de Campos no ano de 2020.
Com os cofres turbinados pelos royalties de petróleo e gás a arrecadação do Município em 2020 bateu o recorde de arrecadação de sua história. Entraram nos cofres públicos de janeiro a dezembro de 2020 a bolada de R$330.433.745,50 que já foi superada pela arrecadação de 2021 até o mês de novembro com R$ 393.370.326,02 arrecadados. No mandato da Prefeita Maria de Fátima (DEM) de 2017 a 2021 a Cidade arrecadou mais de 1 bilhão trezentos milhões reais, mais precisamente R$ 1.388.378.221,77 até novembro de 2021.
Segundo o Professor Alcimar Ribeiro da UENF, Doutor em economia e um dos intelectuais mais respeitados do Estado do RJ, Quissamã registrou o menor investimento per capta dos Municípios da Bacia de Campos. Alcimar destaca que a Cidade de Rio das Ostras se demonstrou mais eficiente em termos de uso dos royalties investindo cerca de R$ 622,94 enquanto Quissamã só investiu R$ 109 per capta/ano. Para Alcimar, as receitas dos royalties e participações especiais da produção de petróleo não deveriam ser utilizadas em despesas orçamentárias contínuas, como custeio e sim em investimento em função de sua verba compensatória e finita.
A divulgação de dados consolidados em 2020 pelo Ministério do Trabalho também apontam um cenário devastador para Quissamã. A Cidade perdeu 576 empregos formais e fechou 65 empresas entre os anos de 2019 e 2020. Com isso, o mercado de trabalho formal do município reduziu de 3.607 trabalhadores em 31/12/2019 para 3.031 assalariados em 31/12/2020. Os dados foram tabulados pelo Geógrafo e Consultor especializado em estatística e desenvolvimento regional, William Passos.
Segundo William, além da perda de mais de 500 postos de trabalho, no que diz respeito à dinâmica do emprego, Quissamã aponta para uma criação de postos de trabalho dependente das “petrorrendas” que são as receitas recebidas pelo município a titulo de royalties de petróleo e gás.
Quanto a trajetória longitudinal da demografia das empresas, segundo William, em 2015 Quissamã possuía 512 estabelecimentos empresariais, dos quais 282 gerando empregos. Em 2020, o número de firmas abertas caiu para 449, com 254 mantendo funcionários. Neste intervalo de cinco anos, Quissamã registrou uma queda de 63 empresas em funcionamento e de 28 firmas assinando carteira no município.
“No que diz respeito à distribuição setorial, os resultados demonstram que, descontando os empregos gerados pela Administração Pública, praticamente todos gerados pela Prefeitura, o Comércio é o maior empregador do município no setor privado. O ano de 2020 encerrou com os estabelecimentos comerciais gerando 373 empregos formais, seguidos pelo setor de Serviços, gerador de 353 contratos com carteira assinada, pela Indústria, geradora de 233 empregos em carteira, pela Agropecuária, detentora de 122 vínculos formais, e pela Construção Civil, que encerrou o ano mantendo 38 vagas.” Pontuou o geógrafo e consultor em estatística e desenvolvimento regional William Passos, que também integra a Rede Observatórios do Trabalho, do Observatório Nacional do Mercado de Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência, em conjunto com o corpo técnico do Ministério, pesquisadores do Dieese, IPEA e IBGE e professores de importantes Universidades brasileiras.
A Prefeita de Quissamã, Maria de Fátima (DEM) afirma que o incremento de receitas que turbinam os cofres da Prefeitura foram importantes para que ela pudesse anunciar um pacote de 30 milhões em obras, ampliar os valores dos programas sociais e criar novos programas, porém não demonstra o quanto gera de custeio e o quanto a Cidade perde em investimentos. Na sua gestão, a Cidade já perdeu mais de 10 milhões em recursos federais para investimento por incompetência e inabilidade política. O Município está inscrito no CAUC – Cadastro de Inadimplentes da União há mais de 02 anos, o que certamente inviabiliza repasses de recursos a Cidade, além de denotar publicamente as fragilidades de sua gestão.
Quissamã não faz investimentos na área do Turismo há anos. O maior e mais completo programa de revitalização e salvaguarda do Patrimônio Histórico da Cidade que foi iniciado em 2007 pela Extinta Fundação de Cultura e Lazer da Cidade foi drasticamente interrompido no ano de 2013. A situação do município é tão calamitosa quanto a preservação do patrimônio que o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro ingressou com uma Ação Civil Pública em dezembro de 2021( processo n°0002244-04.2021.8.19.0084) exigindo na Justiça que o Município promova obras de restauro e salvaguarda no Complexo Quilombola de Machadinha, patrimônio histórico que é propriedade do Município de Quissamã. Os demais equipamentos públicos de exploração turística estão abandonados, fato que aniquila uma das principais vertentes econômicas de geração de emprego e renda na Cidade.
Gestão crítica segundo a FIRJAN

Enquanto a população da Cidade sobrevive de programas institucionais de transferências de renda pública, o Governo da Prefeita Maria de Fátima (DEM) está entre os piores avaliados no ranking de gestão fiscal dos municípios Fluminenses. Segundo o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), elaborado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), dos 92 Municípios 88 foram avaliados e Quissamã ocupa a 61ª posição, perdendo inclusive para Bom Jesus de Itabapoana. Nesta análise em âmbito nacional, Quissamã ficou no 3.065º lugar. O estudo foi feito com base em dados fiscais oficiais de 2019, divulgado em 2020.
Este estudo da FIRJAN tem o objetivo de apresentar os principais desafios para a gestão municipal, são abordados os indicadores de Autonomia, Gastos com Pessoal, Liquidez e Investimentos e Quissamã apresenta situação crítica em investimentos com extrema dificuldade no gasto com pessoal, liquidez e autonomia. A avaliação aponta que a gestão da Prefeita Maria de Fátima (DEM) é um fracasso em especial no quesito investimento e bem estar da população, pois é incapaz de criar ambientes de negócios, geração de emprego e renda.
Em menos de uma década, a Cidade empobreceu e favelizou, a criminalidade aumenta a cada dia e o Município mantém 5.900 famílias referenciadas nos CRASs – Centros de Referência de Assistência Social, segundo informou a própria Prefeita, orgulhando-se de manter a maioria da população (aproximadamente 70%) em extrema pobreza.
Em viagem a Itália em novembro de 2018 a Prefeita anunciou a vinda de empresas Italianas para a Cidade, mas o fato político ficou só na promessa e no marketing pessoal. Na ZEN – Zona Especial de Negócios de Quissamã e demais localidades Quissamã já chegou a abrigar 15 empresas até 2012. Atualmente somente duas empresas estão instaladas na ZEN, a DN Industrial e a Cooperativa Macuco de Laticínios, esta última desde 2008, fato desconhecido pela Secretária de Ação Social do Município Tânia Magalhães.
Outra situação inexplicável foi a não adesão da Prefeitura de Quissamã ao Plano de Concessão dos Serviços de Saneamento Básico à iniciativa privada realizado em 2021. No projeto já em execução pelo Governo do Estado do RJ, Quissamã faria parte do bloco 01, que foi arrematado em leilão público pelo Consorcio AEGEA por R$ 8,2 bilhões com ágio de 103,13%.
Com os resultados consolidados após o Leilão, Quissamã receberia em outorga fixa, R$ 26 milhões distribuídos da seguinte forma: 65% até a assinatura do contrato em junho de 2021, 15% após o início da operação do sistema em dezembro de 2021 e 20% até o final do terceiro ano do contrato (dezembro de 2024) e outros R$ 106 milhões investidos durante os 05(cinco) primeiros anos para a universalização dos serviços de saneamento básico do Município, estabelecidas pelo marco legal do saneamento básico. Quissamã já teria recebido R$ 16,9 milhões em agosto de 2021 e poderia investir livremente este recurso em construção de casas populares e urbanização de Bairros como o do Sítio Quissamã, por exemplo.
Cabe destacar, que além da ampliação da tarifa social já disponibilizada na Cidade, os termos da concessão dos serviços de saneamento básico prevê que não haverá aumento real de cobrança de tarifas dos consumidores, somente o reajuste anual da inflação além de levar água potável e tratamento de esgoto para toda a Cidade.
A perda destes investimentos significa para o Município a renúncia de receitas próprias como o ISS – Imposto Sobre Serviços, além de perdas de vários postos de trabalho na iniciativa privada.
Falta transparência
A Prefeita da Cidade também tem muita dificuldade de manter relações republicanas quando o assunto é a transparência do seu Governo. Por duas vezes Maria de Fátima Pacheco (DEM) foi autuada pelo TCE/RJ – Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro por infringir a Lei de Licitações e pagar fornecedores burlando a ordem cronológica de pagamentos da Prefeitura. A prática prioriza pagamentos a fornecedores escolhidos por ela, porém na administração pública deve existir uma ordem cronológica para pagamentos uma vez que tal atitude fere os princípios da legalidade, da impessoalidade e da isonomia, constitucionalmente previstos.
Segundo dados do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro por meio do projeto “Edificando o Controle Interno” junto aos 92 municípios fluminenses, Quissamã ficou na 38ª posição, atrás de municípios como Carapebus, Campos e Macaé. O projeto foi desenvolvido por meio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania do MP, com objetivo de auxiliar os municípios na estruturação do controle interno, permitindo maior transparência na administração pública. As avaliações são feitas por meio de um formulário digital, que é respondido pelos próprios municípios. As notas são atribuídas a cada município de acordo com categorias como transparência, ouvidoria, correição, controladoria, auxílio ao controle externo, planejamento e concretização de políticas públicas, entre outras.
Negócios em família

Mas ao que parece, a Prefeita de Quissamã que é Assistente Social do quadro permanente da Prefeitura da Cidade, descobriu após seus 56 (cinquenta e seis) anos de idade uma aptidão para o ramo empresarial. Isto por que a Chefe do Executivo Municipal acaba de abrir uma empresa – Sociedade Empresarial Limitada – no ramo de comércio varejista de mercadorias em geral com predominância de produtos alimentícios. O negócio em família tem como sócio administrador o seu sobrinho Ítalo Pacheco das Chagas e está localizado no Centro da Cidade. O Comércio chama-se ZIMA que em hebraico significa “nascida a sombra” ou “conspirador” na tradução bíblica.


Outra empresa aberta no mesmo dia 20/04/2021 é a LL MODULADOS E VIDRAÇARIA que tem como um dos proprietários o filho da Prefeita, Lucas Pacheco Carneiro. Segundo o registro oficial, a empresa atua no comércio varejista de vidros, dentre outras atividades.
Neste cenário em que o comércio da Cidade apresenta sérios e comprometedores sintomas de crise agravados pela inflação em que os preços de produtos e serviços sobem a cada dia em razão da crise econômica mundial pós pandemia, e enquanto os consumidores compram menos e as empresas locais estão quebrando, a Prefeita e sua família resolvem entrar para competir no estreito mercado da Cidade.
A julgar pela gestão da Cidade, o comércio da Prefeita tende a falir em pouco tempo. Ou não…